sábado, 26 de dezembro de 2009

When fates collide

Feliz aniversário, aonde quer que esteja, Gush <3


Depois de um silêncio confortável sob a proteção dos braços dele em torno de mim, eu tento, com sucesso, esconder o tom apelativo da minha afirmação:
-Sabe, você não precisa ir. - Falo tão baixo que mais parece um sussurro.
Ele sorri soltando um pouco de ar pelo nariz e aperta seu abraço, dizendo:
-Queria dizer o mesmo.
Eu não respondo, embora quisesse dar um discurso quase profissional sobre futuro, oportunidades e chances. Segundas, terceiras, quartas chances. Sobre como o orgulho conseguia destruir certas coisas, incluindo o próprio discurso que estava se formando na minha cabeça, e que de fato ficou apenas na minha cabeça.
Mas para a minha sorte - ou, no momento, azar - ele conseguia interpretar o que eu não dizia. Sempre conseguiu. Era como uma competição, onde seu olhar penetrante corria para captar qualquer sinal de sentimento antes que meu orgulho começasse a escondê-lo. Talvez tenha sido isso que me fez sentir segura por tanto tempo, embora essa segurança estivesse sendo transformada em cacos a cada minuto que passava.
Eu sabia que estava chegando a hora de ir, apenas não queria aceitar. Alertas indiretos e avisos bem diretos não faltaram, o que faltou foi uma frase com três palavras. Se eu dissesse que te amava isso teria sido suficiente? O tom avermelhado do nosso cenário intensificava meu medo e eu dizia:
-Fica aqui, as coisas podem mudar. - Foi tudo o que consegui dizer enquanto beirava a fina linha entre calma aparente e desespero descontrolado.
Ele seguiu olhando a lagoa que estava embaixo dos nossos pés por um instante, jogou uma pedra delicadamente nela, não querendo culpá-la por uma partida já prevista mas dolorosa, e virou o meu rosto até que meus olhos estivessem encarando os dele - embora tenha tentado inutilmente evitar esse contato.
-Eu vou, mas vou ficar aqui. Esse medo eventualmente vai passar, confia em mim. Você ficará mais forte quando a tempestade acalmar, e eu estarei contigo aonde quer que você vá.
Meu medo que ele lesse meus olhos como um livro aberto foi confirmado, era como se ele tivesse ultrapassado todos os bloqueios dentro de mim para ler meus pensamentos. O que ele disse me acalmou, talvez por alguns segundos, até que chegou a hora de dizer adeus. Minha calma aparente, antes prolongada por palavras seguras e de esperança, se transformou em um emaranhado de sussurros errantes, de quando se quer dizer muito mas em pouco tempo. Eu queria dizer o que não tinha dito em alguns anos, o que parecia claramente impossível.
Ele apenas sorria um sorriso acolhedor enquanto me beijava a testa e partia em direção ao horizonte. Engraçado como nesse momento as nuvens se fecharam, proibindo-me de enxergar muito além da travessia para pescadores na qual nos encontrávamos. Eu assisti enquanto ele caminhava sem olhar para trás em momento algum, até desaparecer entre as nuvens.
Naquele tempo eu não sabia o que fazer diante de uma despedida dessa dimensão, e, para falar a verdade, acho que até hoje não sei. Como previsto, fiquei mais forte. Não tenho mais medo da chuva e da tempestade. Costumo dizer que esse medo é bobo pois tenho um amigo lá em cima que controla as nuvens que um dia o cercaram.
E eu não sei o que ele está fazendo agora, mas essa noite eu vou ficar em casa e sentir a sua falta mais do que ele poderia um dia imaginar.


That night you took away a little more than just my breath
I swear to God that I was thinking about the summer
And the lines that I wrote on the walls that saved my life
I don't care if I'll ever be the same
Cause all the time just reminded me of winter
And the drive that I took on the night that saved my life

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

É natal, minha gente.

25 de Dezembro, 01:42, e eu aqui em casa sozinho. Se meu natal foi bom? Podia ter sido pior. Se eu gosto do natal? Com certeza não. Por que? Porque é uma data tão inútil quanto qualquer outra. Afinal, alguém sabe realmente o que significa o natal? Eu acho que todos pensam que é uma data pra serem tão falsos uns com os outros quanto qualquer outro dia, uma data que acentua o cinismo de cada um a cada "feliz natal" que se dá, inclusive para aquelas pessoas que você falou mal pelas costas o ano todo. Mas antes que comecem a me jogar pedras, eu admito: Sou um grande hipócrita por estar escrevendo esse post. Eu, assim como 99% da população mundial, dou feliz natal para todo mundo, desde que me dêem antes, mas isso não me torna melhor que eles. Pelo contrário, me torna pior pelo fato de eu não mostrar diferença nesse momento e dizer que esse tal de feliz natal não muda em merda nenhuma na vida de ninguém, nem deixa alguém mais feliz e nem mostra que você se importa mais ou não. E daí que Jesus nasceu dia 25 de dezembro? Pessoas que passaram do dia 26 de dezembro do ano passado até 23 de dezembro desse ano dizendo que não acreditam em Deus ou Jesus me deram feliz natal ontem e hoje, mas e daí, vamos celebrar a ignorância de todos, ou quem sabe esse seja só um modismo como qualquer outro. "Ah, todos dão feliz natal pra todo mundo, mesmo não sabendo o que isso significa, vou dar tambem!". Eu nasci dia 29 de Dezembro, e não vejo ninguém tão contente assim celebrando isso, nem mesmo eu.
Eu não constumo odiar tanto o natal assim, mas de uns tempos pra cá isso tem me encomodado tanto, que eu precisava dividir isso com alguém... Eu sei que muitos não vão me dar razão, vão me criticar por isso e tudo mais, mas fazer o que neh, minha opinião é minha opinião, mesmo que esteja errada, aos olhos de alguns.
Mas o que mais me indigna é a falsidade do papai noel... Acho que não vou mais confiar naquele velhinho sagaz não. Eu me comportei tão bem o ano todo, e pedi para ele um amor legal, mas ao invés disso, ele me deu uma cabeça confusa que não sabe o que quer, e quando acha que sabe, age e faz merda. Pedi pra ele para que meu pai tivesse um telefone ao seu lado, mas então ele deu ao meu pai algum chá que fez ele esquecer de ligar para me dar um feliz natal, ou até mesmo ligar pra saber como eu ando. Pedi pra ele apenas um natal tranquilo e divertido, com alguém que se importasse se eu estava bem e me divertindo, mas ele me deu uma dor de garganta fudida, uma casa cheia de gente entediada e que não estava afim de festa e grãos de raiva plantados dentro de mim, que eu acabei cultivando contra esse dia tão feliz, que é o natal.
Mas não vamos estragar esse dia tão belo! Vamos aproveitar ao máximo, bebendo até cair e comendo até passar mal, afinal, quem transforma água em vinho e multiplica pães, só pode querer passar essa mensagem não? Quem sou eu pra duvidar da vontade divina, não é mesmo?
Feliz Natal a todos, sejam felizes ou seja lá o que for!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal

24 de Dezembro, véspera de natal, todos reunidos em volta de uma mesa lotada de comidas e aperitivos. Todos riem, gritam e se divertem, mais bêbados a cada minuto que a meia noite se aproxima, menos duas pessoas. O casal que estava junto há quase um ano, estava distante de todos os outros.
Uns minutos se passam e o rapaz retira-se da sala, seguido pela moça logo em seguida. Ela sai na sacada e tira um cigarro do bolso de sua camisa.
-Por que você não me fala o que está acontecendo? – Pergunta a garota.
-Não está acontecendo nada. – Diz ele num tom calmo, com um sorrisinho quase que forçado no rosto. – Tem fogo?
- Você tem agido estranho faz uma semana e mal fala comigo!
- Talvez eu esteja cansado de falar, só isso. Fogo?
- Você ainda me ama?
Um breve silêncio toma conta daquela sacada.
- A noite está tão linda, não está?
- Você ainda não respondeu minha pergunta! – Grita ela, começando a chorar.
- E você ainda não me alcançou o fogo!
Mais uma vez o silêncio toma conta de tudo. Ela estática o observando e ele olhando para o céu. Ela põe a mão no bolso e tira um isqueiro velho, e o alcança para o rapaz. Ele acende o cigarro e fecha seus olhos.
- Lembra do dia que nos conhecemos? Eu estava irritado porque tinha perdido todo meu dinheiro em uma aposta e você apareceu... Eu não consegui acender o isqueiro e você me ofereceu o seu. Eu olhei para você e vi seu sorriso... Aquele grande sorriso branco, quase que debochado. Você lembra qual foi a primeira coisa que eu te falei?
- Você não está respondendo minha pergunta!!
- Eu falei: “Que blusa horrível você está usando!”... haha... Você ficou espantada no início, mas riu comigo em seguida... A gente começou a conversar e alguns dias depois, ficamos pela primeira vez. Eu nunca vou me esquecer daquele dia... Você mordeu minha boca tão forte que me tirou sangue... Eu fingi que estava tonto e desmaiando e você quase teve um ataque haha... Naquele momento eu descobri que aquilo ia dar certo. Nos oito meses seguintes, dediquei cada segundo da minha vida para você, e não me arrependo nada disso.
- Por que você está fazendo isso? – Disse ela, chorando cada vez mais.
- Na noite do dia que nos conhecemos, o céu estava exatamente igual a esse... – Ele olha para cima e solta a fumaça para o alto, dando um pequeno sorriso, quase que imperceptível.
O barulho de alguém chegando é ouvido, e a menina fala:
- Só me responda isso, você ainda me ama?
- Não.
Ela arregala seus olhos e fica ali, imóvel.
- Eu não amo você, nem quero você perto de mim, nunca mais.
A menina chora mais ainda e corre dali, esbarrando em outro rapaz que estava chegando ali. Ele observa a garota sair e fala para o rapaz na sacada:
- Você acha que fez o certo?
- Eu estou morrendo, você sabe. O médico me disse que, se eu tiver muita sorte, esse câncer me deixa vivo por mais uns dois meses. Prefiro que ela me esqueça até lá a vê-la chorando ao lado de uma cama de hospital junto ao meu corpo doente.
- Se você diz...
- Eu sempre a amei mais que tudo na minha vida, e isso não mudou. Eu só quero que ela não sofra tanto... Espero que um dia ela me entenda.
- Ela vai... Ela vai sim, meu amigo...
Ele joga seu cigarro pela sacada e recosta-se na parede:
- Belo presente de natal, não?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Confusões

Outra noite que cai, mais uma vez vejo o sol fugindo da janela do meu quarto... Há meses algo não faz eu me escorar nesta sacada e ver aquele belo sol descendo em meio a estas casas abandonadas e frias. Quando elas se tornaram assim tão vazias? O que eu estava fazendo que não notei as pessoas indo embora? Eu estava tão ocupado assim, ou simplesmente decidi ignorar tudo à minha volta?
Volto minha atenção ao sol, que agora é apenas uma pequenina luz no horizonte. Quando eu me tornei alguém tão desligado? Desligado ao ponto de deixar meu único raio de sol ir embora? Desligado a ponto de dizer que não havia mais nada em meu coração. De achar que não havia mais nada. Ou quem sabe não houvesse mesmo... Talvez eu estivesse certo uma vez na vida, mas realmente esteja errado agora, ou esteja fazendo uma confusão tão tremenda em minha cabeça que nem eu saiba mais o que eu penso, ou talvez eu queira acreditar em algo que não é real, mas que eu quero tornar real, mas que não há como, pois é algo simplesmente improvável, ou não talvez não seja nada improvável, tão não improvável que esteja realmente acontecendo e eu esteja com uma dúvida tão tremenda que me faz duvidar de minhas dúvidas e ter certeza de minhas incertezas, incertezas que transformaram um garoto estupidamente lúcido, ou nem tanto, em um garoto perfeitamente insano, ou nem tanto. Confusões, confusões.
Meu coração está frio. Eu me enrolo em um cobertor, mas meu corpo esfriou demais. Eu tremo, mas só enquanto não acho aquele pensamento certo dentro da minha mente distante. Aquele pensamento que me aquece, que me faz sorrir, que me faz esquecer que o sol já foi embora...
Não quero mais promessas. Não quero mais garantias. Não quero uma prova de que ela vai estar aqui daqui a 80 anos. Só a quero agora, aqui, nesse minuto. Não no próximo minuto, mas nesse momento. Porque quando eu estou com ela, o tempo para, tudo para, e parece que o próximo momento é sempre quando ela sai, e eu fico mais uma vez olhando o sol, na esperança tola de algo que nem eu sei ao certo o que é.
Mas eu espero até o próximo dia, até o sol voltar, como sempre faz, para o meu alívio.
Será que vou ter o que eu quero ao meu lado até o final? Se eu não pisar na bola e ficar mais atento, não deixarei mais o que é precioso para mim, escorregar pelos meus dedos? Talvez eu só queira chegar ao fim da vida com minha taça de vinho e um maço de cigarros, e com ela ainda sendo meu maior vício, como foi minha vida toda, me mantendo vivo e esperançoso pelo dia de amanhã, pelo sol que ia iluminar meu caminho até ela, mais uma vez, tudo de novo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Porcelana

E não ia ser assim mesmo? Caindo pelos cantos, caindo em prantos. Catando cantos. É cansativo, eu sei. Mas não estaria tudo fora de seu tempo? Tudo rápido. Tudo ríspido. E mais uma vez eu me recuso a te salvar. E mais uma vez eu fico observando. Caindo pelos cantos. Só o jaleco manchado me faz companhia e faz tempo que não me responde. Onde? Para onde fugir? Tem vezes que as consequências sucumbem os frutos. É chato ser sarcástico com quem não se gosta, suponho. Bom mesmo é ser o que quiser. Bom mesmo é ser vivo. Mas a vida é como porcelana, ela quebra, ela derrama. "Me ama, me ama", mas mais uma vez eu me recuso a te salvar. As cores foram junto com as balas de goma e nem avisaram quando voltariam. Riam, senhores, riam. Rima é para poucos. Poucos riem, muitos vêem que mais uma vez eu me recuso a te salvar. Mas e teus olhos? Porque continuam a olhar os meus? Eu. Alguém pediria para ser eu? Eu padeço. Eu pareço. Eu mereço. Às vezes nem me conheço, mas sempre me reconheço. Tenho memória forte. Sei do abandono. Sei do sono e do consolo, mesmo que do último saiba pouco. Mas teus olhos ainda olham tímidos para mim. Timidos maquiados. Mas não ficam melhores limpos? Ficam mais puros, o olhar fica ainda mais bonito e sincero. Mera mortal que sou, tenho opinião fraca. Tenho em mãos a faca e o medo de ferir. Tenho a cura e o medo de agir. Medo de fazer rir. Medo de rir. Medo de ir.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Contradições;

A lua se mostra desinibida neste dia ensolarado, neste dia em que eu tenho a sensação de que tudo está errado, tudo, que por um momento achei que estava se encaixando, estava na verdade se embaralhando em meio de peças espalhadas pelo chão, que, embora danificadas pelo tempo, esperavam seu encaixe cegamente.
Sento-me embaixo de uma árvore para relaxar depois de um dia parado e exaustivo, mas minha cabeça sobrecarregada dói e não me deixa descansar. Porque seu cheiro me sufoca? Porque me sinto afogando em seus olhos e queimando com seu carinho? Porque ela me faz tão mal, mas me faz sentir tão bem?
As estrelas começam a me cuidar lá do alto, quase que apagadas, e ás vezes somem atrás de alguma nuvem sem rumo. O vento sopra no meu cabelo e eu posso sentir seus dedos em meu pescoço. Um arrepio sobe pelas minhas costas e me faz fechar os olhos, que pintam o cenário perfeito no escuro, mas que logo em seguida some com os últimos raios do sol que se esconde no horizonte.
Folhas caem no meu colo todo o momento, mas eu as jogo no chão logo em seguida, depois de brincar com elas e quebrá-las em pedacinhos. Nesse momento percebo que, na verdade, eu não passo de mais um folha de uma árvore qualquer, e que, nesse mesmo momento, estão brincando comigo e me quebrando aos poucos. Um vazio enorme surge dentro de mim e me faz pensar nas folhinhas no chão. Porque eu nunca as levei em consideração? Eu Brinquei com elas em um momento de tédio sem me preocupar, mas agora que me sinto igual, sinto certo arrependimento. Porque sinto por ela o que ela nunca sentiu por mim? E porque sinto isso logo por ela?

Eu levanto e sigo caminho pela rua já escura, pensando naquilo que assombra minha cabeça a todo o momento. Ela tem todas as qualidades que as outras não tem e seus defeitos a tornam única em meio a todas. Eu sei que não devo me entregar, mas chega uma hora que todos cansam.

A noite está quente, mas eu sinto meu corpo esfriar, e tudo que eu quero é chegar em casa e sonhar com meu mundinho fantasioso e ideal, onde árvores não perdem suas folhas e o sofrimento não traz tanto prazer, mas enquanto o sono não vem, fico lembrando de como é ficar sem ar só com seu olhar, sem reação com um beijo e como ela acende o meu desejo, dia após dias, segundo após segundo.


Everytime I look for you, the sun goes down;

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Qualquer semelhança com a vida em geral... não é mera coincidência.

Um dia resolvi viajar, para bem longe de casa. Escolhi o destino mais demorado e sentei em uma das cabines do trem perto da janela, sozinha. De vez em quando entrava outro passageiro na minha cabine, às vezes por engano - para a minha desilusão - e outras porque nossos destinos eram semelhantes, embora ninguém se atrevesse a tomar a rota que escolhi por ser muito arriscada e demorada. Começávamos a conversar casualmente sempre que o tédio tentava nos assombrar, o que com o tempo acabava fazendo de nós quase amigos de infância, inseparáveis. Até que chegava a hora de se separar. E era sempre a mesma história: pediam para eu mudar de rota, pois a minha era incerta e perigosa, mas eu negava. Neguei a todos eles.
Na minha cabine a maioria dos passageiros que entravam eram mesquinhos, prepotentes, comuns. Mas às vezes aparecia uma pessoa interessante e valiosa, mas essas nunca viajavam comigo por muito tempo. Assistir essas pessoas sairem da cabine e partir em direção ao seu destino era a única situação que me fazia pensar se realmente valia a pena deixar para trás tantas histórias em busca de um futuro desconhecido, mas mesmo assim não desisti.
Até que um dia uma das pessoas interessantes que eu tinha conhecido resolveu pegar o mesmo trem e me encontrou, na mesma cabine, lendo o mesmo jornal de antes enquanto olhava as coisas passarem diante dos meus olhos em alta velocidade. Me disse que havia voltado apenas para dizer que a vida fora do trem é muito mais proveitosa e divertida, e que queria que eu presenciasse isso também. No começo hesitei, mas me foi assegurado que poderíamos chegar ao meu destino indo a pé, então finalmente saí do trem.
Desde então sempre digo que o importante não é mudar sua rota por alguém, e sim encontrar alguém que esteja disposto a te acompanhar, mostrando que o melhor caminho nem sempre é aquele em que estamos acostumados a seguir, mas sim aquele que mais bem nos faz.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tempestade

 O tempo está nublado. Eu olho para as nuvens e fico procurando um raio de sol entre elas , uma luz que me mostre que em algum ponto ainda existe algo que ilumine meu caminho, mas eu não vejo nada além daquelas nuvens densas e carregadas.
 Está frio aqui. Eu posso entrar e me aquecer, mas não faço isso, simplesmente fico parado olhando para o céu escuro, que só faz eu me sentir mais afundado nos meus sentimentos, que não vinham à superfície há muito tempo.
 Uma luz, de repente, ilumina tudo em minha volta, mas no mesmo instante some. Os raios me dão um pingo de esperança, mas no final me dou de conta que foi só mais um engano, que a escuridão só olhou pro lado, mas agora voltou sua atenção para mim. Uma cena tão linda que chega a ser assustadora, os raios cortam o céu e por um segundo tornam a noite em dia, mas é tudo apenas por um segundo.
 O vento sopra nas folhas do meu caderno como se quisessem que eu mudasse de página, mas ela não vira. Quando eu penso que algo novo, uma página em branco, está vindo, aquela velha história volta,  aquela história que parece me assombrar.
 Será que eu sou o culpado disso tudo? No final das contas os meus atos do passado refletiram no meu futuro? A minha fuga da luz trouxe essa tempestade constante?
 O primeiro pingo de chuva cai no meu rosto. Ele escorre por baixo do meu olho como uma lágrima solitária, a lágrima que eu prendo para esconder minha fraqueza do mundo, mas que parece cada vez mais pesada e difícil de segurar.
 As gotas ficam mais frequentes e os raios mais ameaçadores. Os trovões interrompem todo e qualquer barulho, como se todos o respeitassem, e não quisessem interromper essa sinfonia perfeita do céu.
 Com o tempo eu me acostumo com a tempestade, embora ás vezes me assuste com coisas repentinas, mas que passam antes que alguém possa se preocupar. Mas mesmo acostumado, ela ainda traz um certo desconforto, e junto a esperança de que o sol volte, levando embora a escuridão com ele. Enquanto ela não vem, encontro refúgios para não me molhar demais, e continuo olhando para o céu, procurando entre as nuvens a recompensa da minha espera e da minha paciência. Ela virá, eu tenho certeza disso.
 Os raios cortam o céu com confiança da sua beleza e com orgulho de seu poder. Algo tão poderoso, mas o mesmo tempo tão simples e estonteante. Por favor, não dure para sempre. Sua beleza me cega e sua ida me corrói. Traga de volta meu raio de sol, antes que eu me afogue em suas gotas;

'Cause after rainy days, the sun will shine;

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Uma máquina perfeita

Às vezes me perco pensando em todas as funções do corpo humano. Como todos os átomos se juntam para formar organelas que servem como geradoras de vida, embora sejam menores que uma célula; como determinados órgãos produzem enzimas tão poderosas que conseguem quebrar substâncias para transformá-las no que for preciso; hormônios que controlam todas as funções do organismo e são invisíveis; sistemas de defesa, sistemas de ataque, sistemas de comunicação, sistemas e mais sistemas.
Como tudo é interligado, da menor célula até o maior órgão. Quando temos um pequeno corte e o cérebro envia um sinal através da dor para os glóbulos brancos marcharem até o lugar como um exército e as células epiteliais se regenerarem para transformar o lugar em um novo como se nada tivesse acontecido. Quando comemos qualquer coisa e os órgãos do sistema digestório liberam enzimas e ácidos para quebrar esse corpo estranho e transformá-lo em aminoácidos e sais que as células conseguem digerir. Toda vez que inspiramos o oxigênio viaja por todas as células do corpo, que em agradecimento liberam gás carbônico para ser expelido. O coração bate incessantemente para levar vida à todas as minúsculas células, como se fosse um emprego: Os operários trabalham de acordo com sua função, e por isso recebem o salário que chega através de estradas protegidas assim como as células realizam seu trabalho de manter o corpo e por isso recebem ar e glicose que as mantêm vivas, que chega a partir de artérias, veias e vasos.
Como quando sentimos medo, por mais absurdo que seja, e o corpo automaticamente se prepara para uma situação de perigo dilatando as pupilas para enxergarmos melhor, acelerando o ritmo dos batimentos cardíacos e da respiração para uma situação de combate.
Mas embora nosso corpo seja extremamente profissional, isso não o impede de nos fazer sentir. Sentimos tristeza, felicidade, amor, ódio. As situações do dia-a-dia também são capazes de interferir com o nosso corpo, aumentando ou reduzindo nossa endorfina. Alguns dizem que o amor é apenas um truque da natureza para nos fazer reproduzir, mas se for verdade já é uma vitória que possamos sentir isso.
Acho que o corpo humano é a máquina mais bem feita que existe, todos tem um mas ninguém dá valor.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Tempo bom que não volta mais...

Alguma vez você já se olhou no espelho e viu o reflexo do que você era há 5, talvez 10 atrás? Olhou para aquela criança inocente, que só se preocupava em se divertir o dia todo, e não tinha que se encomodar com os problemas idiotas que nos cercam hoje em dia?
Com o passar do tempo, a vida nos obriga  a crescer e amadurecer, e isso é incontestável, necessitamos disso para sobreviver. Mas é realmente necessário esquecer quem você era e se tornar alguém que você sempre odiou?
Volte um tempo atrás e lembre de como você achava engraçado tocar campainhas e sair correndo, aquelas piadas totalmente sem graça e até o ato de imitar barulhos de peidos. Lembre-se de você brincando  de boneca e de carrinho, de pegar e de esconde-esconde. Lembre-se do que você pensava das pessoas da sua idade hoje e dos mais velhos. Você tinha heróis, exemplos de como você queria ser, mas você se tornou um deles?
Cada dia que passa, eu vejo menos aquela criança em mim, e começo a ver cada vez mais o meu pai. Meu pai, que, em questão de exemplo para mim, nunca foi muito bom. Cada dia que passa, me torno mais aquela pessoa rabugenta que eu sempre temi me tornar.
Será que todos nós acabaremos virando pessoas que as crianças temerão se tornar como nós constumávamos temer? E as crianças que riem do nosso choro hoje chorarão por coisas mais banais amanhã?
Mude enquanto ainda há tempo, enquanto você ainda lembra que um dia foi criança, antes que seja tarde demais para se arrepender.


Mas e se você voltasse no tempo? O que o você criança diria para o você de hoje em dia? refiltaö ok

domingo, 8 de novembro de 2009

Às vezes penso que tudo pode ser esquecido e que o tempo pode apagar coisas que queremos que fiquem intactas até o fim. Como uma tatuagem, que fica pra sempre mas no final acaba se desgastando. Se isso fosse verdade, você acha que valeria a pena tentar de novo e se empenhar? Você voltaria? E se a vida real for mais dura que esse sonho que temos, fazendo uma certa insegurança e decepção nos consumir um pouco a cada dia? E se aquelas palavras que hoje são difíceis de se dizer se tornassem maldições que nos levam de volta a um passado perfeito? Você lutaria pra mudar isso? Você voltaria?
E se isso tudo for uma tormenta pra provar que a minha teoria sobre o tempo está errada e que algumas coisas são, de fato, inesquecíveis e inacabáveis? E se o fogo todo for apagado por problemas mesquinhos que não deveriam nem interferir em um amor tão grande? E se a vontade de compreender os motivos do outro acabar?
E a saudade chega, te lembrando dos dias em que você podia escrever duas letras juntas unidas por um coração, de quando os braços de uma pessoa eram o abrigo mais confortável, de quando seu coração acelerava quando via o brilho naquele olhar, quando sentia a respiração do outro mudar enquanto te abraçava, de quando todas as músicas e filmes de amor pareciam falar sobre vocês - mesmo que não fossem perfeitos o suficiente para descrever.
São muitas dúvidas. Talvez seja preciso seguir a razão quando ela sugere que o correto é escolher outra estrada e nunca mais olhar para trás. Talvez seja preciso seguir o coração quando ele grita a cada segundo o nome de quem te faz feliz.
Se eu quisesse, você voltaria? Porque eu voltaria.


Tell me your secrets and ask me your questions
Oh, let's go back to the start
Running in circles, coming up tails
Heads on a science apart

Nobody said it was easy, it's such a shame for us to part
Nobody said it was easy, no one ever said it would be this hard
Oh, take me back to the start

And tell me you love me, come back and hold me
Oh, and I'd rush to the start

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

...³

 De que adianta procurar respostas quando não se sabe nem quais são as perguntas certas? Todo o mundo só sabe reclamar e chorar pelos cantos, seja qual for o motivo, tudo é razão para depressão e pensamentos suicidas. Sinceramente, acho que é um dos pensamentos mais idiotas do ser humano. E por quê tudo isso? Eu digo o porquê: É porque é mais cômodo. É mais cômodo se fazer de sofrido do que procurar uma solução para o que lhe encomoda.
Todos os dias vejo pessoas chorando por desilusões amorosas, brigas inúteis e frescuras um tanto quanto fúteis, todas, na maioria das vezes, com soluções simples, mas essa gente consegue transformar cada probleminha em uma calamidade com proporções muito além do real. Esquecer não é algo tão difícil quando se tem força de vontade, problemas que podem ser resolvidos serão resolvidos, mas não com choro, afinal, ninguém gosta de quem se faz de coitadinho.
 Se algo deixa você triste, procure algo que super essa tristeza, busque algo que o faça mais feliz do que isso que o deixou para baixo. Ao invés de ficar reclamando e choramingando pra todo mundo, use essas pessoas para dar um jeito de se alegrar, afinal, se elas estão dispostas a ouvir seu choro, eles certamente vão querer seu bem, e farão de tudo para que isso aconteça.
 Pare de fazer doce, a vida não é tão ruim assim, ela é o melhor que você tem, e se você não souber aproveitá-la direito, ela irá acabar e tudo que você levará será o remorso de nunca ter feito a pergunta certa para você mesmo:
O que é o melhor pra mim e o pelo que realmente vale a pena chorar?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Passagens e passaportes

Já perceberam como olhos tristes são indagantes? Dá vontade de decifrar. E de fato foi o que eu quis fazer quando conheci ela, a guria dos olhos mais tristes que eu já tinha visto. Eu a vi pela primeira vez em uma viagem para o exterior. A única coisa que me deu ânimo para continuar vendo ela foi o estranho fato de que embora seus olhos parecessem impenetráveis, seu sorriso me mostrava tudo que ela queria dizer.
Consegui uma desculpa esfarrapada no trabalho para fazer a tal viagem o mais seguido possível, então mensalmente iniciava-se um ritual. Da janela do ônibus eu contava todas as luzes da estrada, como se as que ficassem para trás fossem afogadas junto com tudo o que estava em sua volta. Enquanto o sol da manhã queimava meus olhos que ainda não tinham despertado, eu via pessoas ao meu lado desejando ter coisas das quais eu alegremente abriria mão apenas para sentí-la mais uma vez.
Chegando lá os raios de sol já não me queimavam mais os olhos, ao invés disso pareciam me lembrar de um amor que nunca morrerá. A poluição, o desmatamento, a violência, a fome e os preços altos sumiam, e o que ficava era uma sensação de paz, como um monge budista. Na verdade era tudo uma conspiração a favor de nós, e eu tinha certeza que nunca ia mudar. Enquanto passávamos os dias e as noites juntos eu contava a ela sobre as complicações com passagens e passaportes, e ela ria como se fosse a piada mais engraçada do mundo, me fazendo rir mais ainda.
Mas chegava o dia em que eu precisava voltar. Eu começava novamente o mesmo ritual, com a esperança de chegar a um acordo comigo mesmo sobre o que fazer com as luzes da estrada. "Deixo que se afoguem ou espero a próxima vez?". Eu sempre esperei a próxima vez, embora muitas vezes quis ter mudado de idéia por causa de todas as complicações e dificuldades envolvidas na viagem.
Mas quer saber? Eu faria tudo de novo apenas para sentí-la mais uma vez.

...²

Medo. Pra mim, o sentimento mais importante do ser humano. O medo, por bem ou por mal, move a vida inteira de uma pessoa. Todos sentem medo, e, de alguma maneira, utilizam o medo para sobreviver e passar desse mundo.

 Ninguém pode dizer que é completamente destemido. Quem diz que não tem medo, nunca amou, nunca nem sequer viveu...

 Se você ama alguém, o medo de perdê-lo fará com que você lute contra quaisquer que forem os males que virão; Se você tem um trabalho que o sustente, que você realmente precisa, o medo de perder para outra pessoa fará você lutar para ser o melhor no que você faz, e assim, sempre evoluir.

 Mas o medo não um sentimento só positivo. Seu lado negativo pode destruir uma vida num piscar de olhos. O medo de uma resposta pode fazer um rapaz não falar com a garota que, futuramente, poderia se tornar a mãe de seus filhos, e fazê-lo se torturar para o resto da sua vida. O medo de ser superado pode fazer com que uma pessoa destrua a vida de outra, para seu próprio benefício.

 O medo está em nossa vida desde quando tentamos andar, até quando a única companheira que está ao nosso lado é a morte, e se não fosse por esse tão temido medo, sabe-se lá o que seria da de nós...

 Tenha medo, mas nunca deixe o medo ter você;

sábado, 31 de outubro de 2009

Amizade importa?

 Não, se você gosta de passar a sua "vida" sozinho e sem amor.
 A única coisa que você leva dessa vida é o que você fez enquanto viveu. Não é o dinheiro, sua casa ou seu carro, mas sim a diversão que certas pessoas te proporcionaram.
 Você pode ter 5 ou 50 amigos, quantidade não importa, o que importa é a qualidade, a diferença que eles fazem na tua vida, independente de como sejam.
 Sem meus amigos eu não seria nada, provavelmente já teria desistido de tudo, mas eu tenho quem faça minha vida valer a pena. Amigos de infância ou de momento, pessoas que te fazem sorrir, que te fazem esquecer o mundo que quer te machucar.
 Momentos que você nunca esquecerá, idiotices infantis, brincadeiras bobas e brigas que não duram uma semana, tudo feito para reforçar ainda mais a amizade.
 Amigos são pessoas que não devem ser trocadas, esquecidas por causa de um namoro ou de uma proibição, nem substituídas por novas amizades. Um Eu Te Amo para um amigo nunca será uma frase desprediçada ou falsa, e é muito mais forte do que qualquer outro amor.
 Esse é um texto dedicado à todas as pessoas que já compratilharam da minha alegria, e na maioria das vezes, contribuíram para aumentá-la. É para eles,
Meus tesões; meus amigos que já foram e que me esqueceram; minha irmã potchóca e meus irmãos fodásticos;  minhas chatas³ e minhas fofas; minha melhor que nem olha mais na minha cara e meus melhores que nunca saem do meu lado; meus bêbados, más influências e mau influenciados; meus emuxos e minhas emuxas; meus gordos e minhas gordas; meus estranhos e piadistas fracassados; meus irmãos de banda, minhas famílias alternativas; minhas amigas de longe, mas que estão sempre por perto; minhas baixinhas patéticas e meus gigantes; fedorentos e cheirosas; minhas lindas e minhas feiosas; meu mundo gls e meu mundo homofóbico; minhas vidas, sem vocês, minha morte;
 MEUS AMORES.
  Eu amo vocês, e não viveria sem sequer um de vocês, e como alguém ae um dia me disse: zz, eu te amo pra sempre e nunca quero te esquecer (:
 ♥

O ciclo da vida

Engraçado as voltas que a vida dá. Sempre achei que o que as vovós ou tias chatas falavam eram mentiras com o único intuito de levantar auto-estimas alheias. Que atire a primeira pedra quem nunca esteve se remoendo pelos cantos e teve que ouvir alguns chavões como "há males que vem para o bem" ou "se tiver que ser, será". Mas tudo é estressante e confuso, até aquele dia. É, aquele mesmo. Aquele que você vai lembrar pra sempre. Lembrou? Todos têm um.
É o dia em que você percebe que aquela guria ruiva tem os olhos castanhos mais bonitos que você já viu, que suas roupas são interessantes e que seu sorriso te faz sorrir. Percebe que aquele detalhe em seu rosto é o que o difere de todos os outros rostos - que você já considera normais demais. Percebe que as piadas sem graça dela são, na verdade, engraçadas, e que as suas manias e neuras são um charme - diferente das de outras pessoas, que não passam de insignificantes manias e neuras. Percebe que o jeito que ela mexe no cabelo é lindo, e que quando ela te abraça você sente algo estranho, ou muitos "algos estranhos" misturados que te fazem fechar os olhos e sonhar acordado. Certo, essa é a hora que você percebe que se apaixonou.
E com sorte isso vai dar certo apesar dos eventuais problemas e vocês viverão felizes para sempre, como um conto de fadas. Ou não. Afinal, o mundo não é feito de sortudos. E se não der certo tudo fica estressante e confuso, e você é obrigado a ouvir chavões de 11 em cada 10 pessoas com as quais conversa. Até aquele dia. É, aquele mesmo. Aquele que você vai lembrar pra sempre. Lembrou? Todos têm um.
É o ciclo da vida.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Distância

 Um quarto, uma música, uma pessoa. Tudo que ele queria era que fossem duas pessoas naquele
quarto escuro e vazio. Tudo que ele queria era que ela estivesse junto a ele.
 Era noite. Estava tudo calmo, o silêncio só era quebrado pela música que saía daquele computador,
por onde ele falava com ela todos os dias, e só podia apreciar seu lindo rosto dividido em milhares
de pixels.
 Enquanto conversava com ela, uma certa música começou a tocar, uma música que descreveu como ele estava no momento.
No refrão, aquela frase girou em sua cabeça, e ele a escreveu em um papel que estava a sua frente:
 "I hold my breath and close my eyes and dream about her, 'cause she's 2000 light years away"
 Ele sabe que ela não está a 2000 anos luz dele, mas o fato de não estar ao seu lado já o torturava mais que qualquer coisa.
 Ele se joga para trás em sua cadeira e começa a pensar em como será quando acabar vendo ela pela primeira vez. O que iria falar? O que iria fazer?
Ele não sabia de nada, e não fazia questão de saber, só queria chegar lá e vê-la esperando-o, pronta para recebê-lo, assim como ele havia sonhado na ultima semana,
e iria continuar sonhando até o dia em que finalmente poderia demonstrar seu sentimento pessoalmente à sua garota virtual;

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Brilha onde estiver

E quanto aos planos? "Bem, eu não sei", ele disse.
Mas ele sabia.
E ela sabia.
Apenas é difícil falar em voz alta o que a intuição sabe tão claramente.
E o frio lá fora? E o vento soprando? Quem iria parar? Quem iria mudar? "É o ciclo da vida, querida", ele disse. Quando na verdade queria dizer que tem medo do que não pode controlar. "Sim, eu entendo", ela disse. Quando na verdade queria dizer que tem vergonha do que estava capaz de sacrificar.
Um abraço, um toque... Os últimos, talvez. Uma promessa e um pedido, clichê. Palavras esperadas para um momento inesperado como aquele.
E quanto ao passado? Ah, o passado! Agonia para uns, felicidade para outros... última chance para eles. "Pega o violão e compõe pra mim quando sentires falta". E ela o fez. Compôs um acervo sobre vida, sobre mundo, sobre amor.
E quanto ao futuro? "Tudo vai ficar bem", ele disse. Quando na verdade queria dizer que estava com tanto medo quanto ela.
No caderno antigo havia uma lista de perguntas. Perguntas esperadas para um momento inesperado como aquele. Ele lê e responde a todas com seu discurso: "Adeus você, hoje vou pro lado de lá. Não levo tudo de mim para não teres razão para chorar. Cuida bem de ti para que ninguém te jogue no chão. Procure se dividir com alguém. Me procure em qualquer confusão. Levanta e te sustenta, e não pensa que eu fui por não te amar. Às vezes é bom se perder para tentar se encontrar, não tema tuas loucuras. Acalma essa tormenta e se aguenta que eu vou estar aqui. Quero ver você maior, meu bem, para que possa seguir adiante. Brilha onde estiver."

Então chega a hora de ouvir o galo cantar, como a rotina fez o corpo acostumar. Ela abre os olhos e se levanta da cama. Pega um jornal apenas para se sentir orgulhosa mais uma vez com as notícias de um país em paz, "finalmente, depois de tantos anos", ela pensa. Seguindo sua rotina, ela abre o baú de madeira ao lado da cama e se ajoelha na sua frente. Olhando as roupas camufladas, rasgadas e já mofadas pelo tempo, ajeitando as botas de couro e medalhas em seu devido lugar, ela suspira e diz "Brilha onde estiver". Palavras esperadas para um momento não tão inesperado como aquele.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

...

Lágrimas de dor não deveriam sair dos olhos de uma menina assim. Na verdade, não deveriam sair dos olhos de ninguém. As pessoas não deveriam chorar por quem nem dá bola para seus sentimentos.
Eu não conhecia a garota. A primeira vista, uma criança, um rostinho infantil, mas uma beleza que nenhuma outra menina de 12 anos tinha. Ela estava sorrindo, alegre, abraçada nele, seus olhos mostravam que aquele momento estava agradando-a.
Eu saí do lado deles, devo ter ficado uns 10 minutos longe, e quando os vi denovo, ele estava abraçado em outra, e ela com outro, porém, o brilho que eu havia visto mais cedo havia sumido, o único brilho que eu via agora era o de uma lágrima, que ela lutava para que esta não rolasse pelo seu rosto.
Uns minutos se passaram e todos levantaram. Ela levantou, mas ficou um pouco para trás, e eu fiz o mesmo. Quando cheguei mais perto, vi uma lágrima caindo, seguida de várias outras, o que me fez pensar, pensar em como alguém tinha coragem de fazer alguém assim chorar, como alguém, tão friamente, fere alguém desse jeito?
Eu queria fazer algo, mas não tinha o que fazer, além de vê-la chorar, além de ver alguém como ela, chorando desse jeito.
Depois de um tempo, o choro parou, mas seus olhos ainda gritavam. Sua boca sorria, mas seus olhos desmentiam qualquer outra demonstração de alegria. Eu queria fazer aquilo passar, mas não havia nada para mim fazer naquela hora. Talvez com o tempo aquilo passasse. Talvez ela aprendesse que não vale a pena. Eu só espero poder ver os mesmo olhos que eu vi quando a conheci, mais uma vez.

Oioioioi

Ola pessoooal !
Sem enrolação aqui, não estou afim de falar muito.
Esse blog está aqui simplesmente para satisfazer a necessidade Minha e da Juliana, de mais ninguém. As histórias aqui postadas podem ser ou reais ou fictícias, qualquer semelhança com sua vida é mera coincidência.
Se você se identificar com alguma, comente, se não, fazer o que neh :/

bgsjasabeoquefazer:*