sábado, 26 de dezembro de 2009

When fates collide

Feliz aniversário, aonde quer que esteja, Gush <3


Depois de um silêncio confortável sob a proteção dos braços dele em torno de mim, eu tento, com sucesso, esconder o tom apelativo da minha afirmação:
-Sabe, você não precisa ir. - Falo tão baixo que mais parece um sussurro.
Ele sorri soltando um pouco de ar pelo nariz e aperta seu abraço, dizendo:
-Queria dizer o mesmo.
Eu não respondo, embora quisesse dar um discurso quase profissional sobre futuro, oportunidades e chances. Segundas, terceiras, quartas chances. Sobre como o orgulho conseguia destruir certas coisas, incluindo o próprio discurso que estava se formando na minha cabeça, e que de fato ficou apenas na minha cabeça.
Mas para a minha sorte - ou, no momento, azar - ele conseguia interpretar o que eu não dizia. Sempre conseguiu. Era como uma competição, onde seu olhar penetrante corria para captar qualquer sinal de sentimento antes que meu orgulho começasse a escondê-lo. Talvez tenha sido isso que me fez sentir segura por tanto tempo, embora essa segurança estivesse sendo transformada em cacos a cada minuto que passava.
Eu sabia que estava chegando a hora de ir, apenas não queria aceitar. Alertas indiretos e avisos bem diretos não faltaram, o que faltou foi uma frase com três palavras. Se eu dissesse que te amava isso teria sido suficiente? O tom avermelhado do nosso cenário intensificava meu medo e eu dizia:
-Fica aqui, as coisas podem mudar. - Foi tudo o que consegui dizer enquanto beirava a fina linha entre calma aparente e desespero descontrolado.
Ele seguiu olhando a lagoa que estava embaixo dos nossos pés por um instante, jogou uma pedra delicadamente nela, não querendo culpá-la por uma partida já prevista mas dolorosa, e virou o meu rosto até que meus olhos estivessem encarando os dele - embora tenha tentado inutilmente evitar esse contato.
-Eu vou, mas vou ficar aqui. Esse medo eventualmente vai passar, confia em mim. Você ficará mais forte quando a tempestade acalmar, e eu estarei contigo aonde quer que você vá.
Meu medo que ele lesse meus olhos como um livro aberto foi confirmado, era como se ele tivesse ultrapassado todos os bloqueios dentro de mim para ler meus pensamentos. O que ele disse me acalmou, talvez por alguns segundos, até que chegou a hora de dizer adeus. Minha calma aparente, antes prolongada por palavras seguras e de esperança, se transformou em um emaranhado de sussurros errantes, de quando se quer dizer muito mas em pouco tempo. Eu queria dizer o que não tinha dito em alguns anos, o que parecia claramente impossível.
Ele apenas sorria um sorriso acolhedor enquanto me beijava a testa e partia em direção ao horizonte. Engraçado como nesse momento as nuvens se fecharam, proibindo-me de enxergar muito além da travessia para pescadores na qual nos encontrávamos. Eu assisti enquanto ele caminhava sem olhar para trás em momento algum, até desaparecer entre as nuvens.
Naquele tempo eu não sabia o que fazer diante de uma despedida dessa dimensão, e, para falar a verdade, acho que até hoje não sei. Como previsto, fiquei mais forte. Não tenho mais medo da chuva e da tempestade. Costumo dizer que esse medo é bobo pois tenho um amigo lá em cima que controla as nuvens que um dia o cercaram.
E eu não sei o que ele está fazendo agora, mas essa noite eu vou ficar em casa e sentir a sua falta mais do que ele poderia um dia imaginar.


That night you took away a little more than just my breath
I swear to God that I was thinking about the summer
And the lines that I wrote on the walls that saved my life
I don't care if I'll ever be the same
Cause all the time just reminded me of winter
And the drive that I took on the night that saved my life

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

É natal, minha gente.

25 de Dezembro, 01:42, e eu aqui em casa sozinho. Se meu natal foi bom? Podia ter sido pior. Se eu gosto do natal? Com certeza não. Por que? Porque é uma data tão inútil quanto qualquer outra. Afinal, alguém sabe realmente o que significa o natal? Eu acho que todos pensam que é uma data pra serem tão falsos uns com os outros quanto qualquer outro dia, uma data que acentua o cinismo de cada um a cada "feliz natal" que se dá, inclusive para aquelas pessoas que você falou mal pelas costas o ano todo. Mas antes que comecem a me jogar pedras, eu admito: Sou um grande hipócrita por estar escrevendo esse post. Eu, assim como 99% da população mundial, dou feliz natal para todo mundo, desde que me dêem antes, mas isso não me torna melhor que eles. Pelo contrário, me torna pior pelo fato de eu não mostrar diferença nesse momento e dizer que esse tal de feliz natal não muda em merda nenhuma na vida de ninguém, nem deixa alguém mais feliz e nem mostra que você se importa mais ou não. E daí que Jesus nasceu dia 25 de dezembro? Pessoas que passaram do dia 26 de dezembro do ano passado até 23 de dezembro desse ano dizendo que não acreditam em Deus ou Jesus me deram feliz natal ontem e hoje, mas e daí, vamos celebrar a ignorância de todos, ou quem sabe esse seja só um modismo como qualquer outro. "Ah, todos dão feliz natal pra todo mundo, mesmo não sabendo o que isso significa, vou dar tambem!". Eu nasci dia 29 de Dezembro, e não vejo ninguém tão contente assim celebrando isso, nem mesmo eu.
Eu não constumo odiar tanto o natal assim, mas de uns tempos pra cá isso tem me encomodado tanto, que eu precisava dividir isso com alguém... Eu sei que muitos não vão me dar razão, vão me criticar por isso e tudo mais, mas fazer o que neh, minha opinião é minha opinião, mesmo que esteja errada, aos olhos de alguns.
Mas o que mais me indigna é a falsidade do papai noel... Acho que não vou mais confiar naquele velhinho sagaz não. Eu me comportei tão bem o ano todo, e pedi para ele um amor legal, mas ao invés disso, ele me deu uma cabeça confusa que não sabe o que quer, e quando acha que sabe, age e faz merda. Pedi pra ele para que meu pai tivesse um telefone ao seu lado, mas então ele deu ao meu pai algum chá que fez ele esquecer de ligar para me dar um feliz natal, ou até mesmo ligar pra saber como eu ando. Pedi pra ele apenas um natal tranquilo e divertido, com alguém que se importasse se eu estava bem e me divertindo, mas ele me deu uma dor de garganta fudida, uma casa cheia de gente entediada e que não estava afim de festa e grãos de raiva plantados dentro de mim, que eu acabei cultivando contra esse dia tão feliz, que é o natal.
Mas não vamos estragar esse dia tão belo! Vamos aproveitar ao máximo, bebendo até cair e comendo até passar mal, afinal, quem transforma água em vinho e multiplica pães, só pode querer passar essa mensagem não? Quem sou eu pra duvidar da vontade divina, não é mesmo?
Feliz Natal a todos, sejam felizes ou seja lá o que for!

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Natal

24 de Dezembro, véspera de natal, todos reunidos em volta de uma mesa lotada de comidas e aperitivos. Todos riem, gritam e se divertem, mais bêbados a cada minuto que a meia noite se aproxima, menos duas pessoas. O casal que estava junto há quase um ano, estava distante de todos os outros.
Uns minutos se passam e o rapaz retira-se da sala, seguido pela moça logo em seguida. Ela sai na sacada e tira um cigarro do bolso de sua camisa.
-Por que você não me fala o que está acontecendo? – Pergunta a garota.
-Não está acontecendo nada. – Diz ele num tom calmo, com um sorrisinho quase que forçado no rosto. – Tem fogo?
- Você tem agido estranho faz uma semana e mal fala comigo!
- Talvez eu esteja cansado de falar, só isso. Fogo?
- Você ainda me ama?
Um breve silêncio toma conta daquela sacada.
- A noite está tão linda, não está?
- Você ainda não respondeu minha pergunta! – Grita ela, começando a chorar.
- E você ainda não me alcançou o fogo!
Mais uma vez o silêncio toma conta de tudo. Ela estática o observando e ele olhando para o céu. Ela põe a mão no bolso e tira um isqueiro velho, e o alcança para o rapaz. Ele acende o cigarro e fecha seus olhos.
- Lembra do dia que nos conhecemos? Eu estava irritado porque tinha perdido todo meu dinheiro em uma aposta e você apareceu... Eu não consegui acender o isqueiro e você me ofereceu o seu. Eu olhei para você e vi seu sorriso... Aquele grande sorriso branco, quase que debochado. Você lembra qual foi a primeira coisa que eu te falei?
- Você não está respondendo minha pergunta!!
- Eu falei: “Que blusa horrível você está usando!”... haha... Você ficou espantada no início, mas riu comigo em seguida... A gente começou a conversar e alguns dias depois, ficamos pela primeira vez. Eu nunca vou me esquecer daquele dia... Você mordeu minha boca tão forte que me tirou sangue... Eu fingi que estava tonto e desmaiando e você quase teve um ataque haha... Naquele momento eu descobri que aquilo ia dar certo. Nos oito meses seguintes, dediquei cada segundo da minha vida para você, e não me arrependo nada disso.
- Por que você está fazendo isso? – Disse ela, chorando cada vez mais.
- Na noite do dia que nos conhecemos, o céu estava exatamente igual a esse... – Ele olha para cima e solta a fumaça para o alto, dando um pequeno sorriso, quase que imperceptível.
O barulho de alguém chegando é ouvido, e a menina fala:
- Só me responda isso, você ainda me ama?
- Não.
Ela arregala seus olhos e fica ali, imóvel.
- Eu não amo você, nem quero você perto de mim, nunca mais.
A menina chora mais ainda e corre dali, esbarrando em outro rapaz que estava chegando ali. Ele observa a garota sair e fala para o rapaz na sacada:
- Você acha que fez o certo?
- Eu estou morrendo, você sabe. O médico me disse que, se eu tiver muita sorte, esse câncer me deixa vivo por mais uns dois meses. Prefiro que ela me esqueça até lá a vê-la chorando ao lado de uma cama de hospital junto ao meu corpo doente.
- Se você diz...
- Eu sempre a amei mais que tudo na minha vida, e isso não mudou. Eu só quero que ela não sofra tanto... Espero que um dia ela me entenda.
- Ela vai... Ela vai sim, meu amigo...
Ele joga seu cigarro pela sacada e recosta-se na parede:
- Belo presente de natal, não?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Confusões

Outra noite que cai, mais uma vez vejo o sol fugindo da janela do meu quarto... Há meses algo não faz eu me escorar nesta sacada e ver aquele belo sol descendo em meio a estas casas abandonadas e frias. Quando elas se tornaram assim tão vazias? O que eu estava fazendo que não notei as pessoas indo embora? Eu estava tão ocupado assim, ou simplesmente decidi ignorar tudo à minha volta?
Volto minha atenção ao sol, que agora é apenas uma pequenina luz no horizonte. Quando eu me tornei alguém tão desligado? Desligado ao ponto de deixar meu único raio de sol ir embora? Desligado a ponto de dizer que não havia mais nada em meu coração. De achar que não havia mais nada. Ou quem sabe não houvesse mesmo... Talvez eu estivesse certo uma vez na vida, mas realmente esteja errado agora, ou esteja fazendo uma confusão tão tremenda em minha cabeça que nem eu saiba mais o que eu penso, ou talvez eu queira acreditar em algo que não é real, mas que eu quero tornar real, mas que não há como, pois é algo simplesmente improvável, ou não talvez não seja nada improvável, tão não improvável que esteja realmente acontecendo e eu esteja com uma dúvida tão tremenda que me faz duvidar de minhas dúvidas e ter certeza de minhas incertezas, incertezas que transformaram um garoto estupidamente lúcido, ou nem tanto, em um garoto perfeitamente insano, ou nem tanto. Confusões, confusões.
Meu coração está frio. Eu me enrolo em um cobertor, mas meu corpo esfriou demais. Eu tremo, mas só enquanto não acho aquele pensamento certo dentro da minha mente distante. Aquele pensamento que me aquece, que me faz sorrir, que me faz esquecer que o sol já foi embora...
Não quero mais promessas. Não quero mais garantias. Não quero uma prova de que ela vai estar aqui daqui a 80 anos. Só a quero agora, aqui, nesse minuto. Não no próximo minuto, mas nesse momento. Porque quando eu estou com ela, o tempo para, tudo para, e parece que o próximo momento é sempre quando ela sai, e eu fico mais uma vez olhando o sol, na esperança tola de algo que nem eu sei ao certo o que é.
Mas eu espero até o próximo dia, até o sol voltar, como sempre faz, para o meu alívio.
Será que vou ter o que eu quero ao meu lado até o final? Se eu não pisar na bola e ficar mais atento, não deixarei mais o que é precioso para mim, escorregar pelos meus dedos? Talvez eu só queira chegar ao fim da vida com minha taça de vinho e um maço de cigarros, e com ela ainda sendo meu maior vício, como foi minha vida toda, me mantendo vivo e esperançoso pelo dia de amanhã, pelo sol que ia iluminar meu caminho até ela, mais uma vez, tudo de novo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Porcelana

E não ia ser assim mesmo? Caindo pelos cantos, caindo em prantos. Catando cantos. É cansativo, eu sei. Mas não estaria tudo fora de seu tempo? Tudo rápido. Tudo ríspido. E mais uma vez eu me recuso a te salvar. E mais uma vez eu fico observando. Caindo pelos cantos. Só o jaleco manchado me faz companhia e faz tempo que não me responde. Onde? Para onde fugir? Tem vezes que as consequências sucumbem os frutos. É chato ser sarcástico com quem não se gosta, suponho. Bom mesmo é ser o que quiser. Bom mesmo é ser vivo. Mas a vida é como porcelana, ela quebra, ela derrama. "Me ama, me ama", mas mais uma vez eu me recuso a te salvar. As cores foram junto com as balas de goma e nem avisaram quando voltariam. Riam, senhores, riam. Rima é para poucos. Poucos riem, muitos vêem que mais uma vez eu me recuso a te salvar. Mas e teus olhos? Porque continuam a olhar os meus? Eu. Alguém pediria para ser eu? Eu padeço. Eu pareço. Eu mereço. Às vezes nem me conheço, mas sempre me reconheço. Tenho memória forte. Sei do abandono. Sei do sono e do consolo, mesmo que do último saiba pouco. Mas teus olhos ainda olham tímidos para mim. Timidos maquiados. Mas não ficam melhores limpos? Ficam mais puros, o olhar fica ainda mais bonito e sincero. Mera mortal que sou, tenho opinião fraca. Tenho em mãos a faca e o medo de ferir. Tenho a cura e o medo de agir. Medo de fazer rir. Medo de rir. Medo de ir.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Contradições;

A lua se mostra desinibida neste dia ensolarado, neste dia em que eu tenho a sensação de que tudo está errado, tudo, que por um momento achei que estava se encaixando, estava na verdade se embaralhando em meio de peças espalhadas pelo chão, que, embora danificadas pelo tempo, esperavam seu encaixe cegamente.
Sento-me embaixo de uma árvore para relaxar depois de um dia parado e exaustivo, mas minha cabeça sobrecarregada dói e não me deixa descansar. Porque seu cheiro me sufoca? Porque me sinto afogando em seus olhos e queimando com seu carinho? Porque ela me faz tão mal, mas me faz sentir tão bem?
As estrelas começam a me cuidar lá do alto, quase que apagadas, e ás vezes somem atrás de alguma nuvem sem rumo. O vento sopra no meu cabelo e eu posso sentir seus dedos em meu pescoço. Um arrepio sobe pelas minhas costas e me faz fechar os olhos, que pintam o cenário perfeito no escuro, mas que logo em seguida some com os últimos raios do sol que se esconde no horizonte.
Folhas caem no meu colo todo o momento, mas eu as jogo no chão logo em seguida, depois de brincar com elas e quebrá-las em pedacinhos. Nesse momento percebo que, na verdade, eu não passo de mais um folha de uma árvore qualquer, e que, nesse mesmo momento, estão brincando comigo e me quebrando aos poucos. Um vazio enorme surge dentro de mim e me faz pensar nas folhinhas no chão. Porque eu nunca as levei em consideração? Eu Brinquei com elas em um momento de tédio sem me preocupar, mas agora que me sinto igual, sinto certo arrependimento. Porque sinto por ela o que ela nunca sentiu por mim? E porque sinto isso logo por ela?

Eu levanto e sigo caminho pela rua já escura, pensando naquilo que assombra minha cabeça a todo o momento. Ela tem todas as qualidades que as outras não tem e seus defeitos a tornam única em meio a todas. Eu sei que não devo me entregar, mas chega uma hora que todos cansam.

A noite está quente, mas eu sinto meu corpo esfriar, e tudo que eu quero é chegar em casa e sonhar com meu mundinho fantasioso e ideal, onde árvores não perdem suas folhas e o sofrimento não traz tanto prazer, mas enquanto o sono não vem, fico lembrando de como é ficar sem ar só com seu olhar, sem reação com um beijo e como ela acende o meu desejo, dia após dias, segundo após segundo.


Everytime I look for you, the sun goes down;