quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Qualquer semelhança com a vida em geral... não é mera coincidência.

Um dia resolvi viajar, para bem longe de casa. Escolhi o destino mais demorado e sentei em uma das cabines do trem perto da janela, sozinha. De vez em quando entrava outro passageiro na minha cabine, às vezes por engano - para a minha desilusão - e outras porque nossos destinos eram semelhantes, embora ninguém se atrevesse a tomar a rota que escolhi por ser muito arriscada e demorada. Começávamos a conversar casualmente sempre que o tédio tentava nos assombrar, o que com o tempo acabava fazendo de nós quase amigos de infância, inseparáveis. Até que chegava a hora de se separar. E era sempre a mesma história: pediam para eu mudar de rota, pois a minha era incerta e perigosa, mas eu negava. Neguei a todos eles.
Na minha cabine a maioria dos passageiros que entravam eram mesquinhos, prepotentes, comuns. Mas às vezes aparecia uma pessoa interessante e valiosa, mas essas nunca viajavam comigo por muito tempo. Assistir essas pessoas sairem da cabine e partir em direção ao seu destino era a única situação que me fazia pensar se realmente valia a pena deixar para trás tantas histórias em busca de um futuro desconhecido, mas mesmo assim não desisti.
Até que um dia uma das pessoas interessantes que eu tinha conhecido resolveu pegar o mesmo trem e me encontrou, na mesma cabine, lendo o mesmo jornal de antes enquanto olhava as coisas passarem diante dos meus olhos em alta velocidade. Me disse que havia voltado apenas para dizer que a vida fora do trem é muito mais proveitosa e divertida, e que queria que eu presenciasse isso também. No começo hesitei, mas me foi assegurado que poderíamos chegar ao meu destino indo a pé, então finalmente saí do trem.
Desde então sempre digo que o importante não é mudar sua rota por alguém, e sim encontrar alguém que esteja disposto a te acompanhar, mostrando que o melhor caminho nem sempre é aquele em que estamos acostumados a seguir, mas sim aquele que mais bem nos faz.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tempestade

 O tempo está nublado. Eu olho para as nuvens e fico procurando um raio de sol entre elas , uma luz que me mostre que em algum ponto ainda existe algo que ilumine meu caminho, mas eu não vejo nada além daquelas nuvens densas e carregadas.
 Está frio aqui. Eu posso entrar e me aquecer, mas não faço isso, simplesmente fico parado olhando para o céu escuro, que só faz eu me sentir mais afundado nos meus sentimentos, que não vinham à superfície há muito tempo.
 Uma luz, de repente, ilumina tudo em minha volta, mas no mesmo instante some. Os raios me dão um pingo de esperança, mas no final me dou de conta que foi só mais um engano, que a escuridão só olhou pro lado, mas agora voltou sua atenção para mim. Uma cena tão linda que chega a ser assustadora, os raios cortam o céu e por um segundo tornam a noite em dia, mas é tudo apenas por um segundo.
 O vento sopra nas folhas do meu caderno como se quisessem que eu mudasse de página, mas ela não vira. Quando eu penso que algo novo, uma página em branco, está vindo, aquela velha história volta,  aquela história que parece me assombrar.
 Será que eu sou o culpado disso tudo? No final das contas os meus atos do passado refletiram no meu futuro? A minha fuga da luz trouxe essa tempestade constante?
 O primeiro pingo de chuva cai no meu rosto. Ele escorre por baixo do meu olho como uma lágrima solitária, a lágrima que eu prendo para esconder minha fraqueza do mundo, mas que parece cada vez mais pesada e difícil de segurar.
 As gotas ficam mais frequentes e os raios mais ameaçadores. Os trovões interrompem todo e qualquer barulho, como se todos o respeitassem, e não quisessem interromper essa sinfonia perfeita do céu.
 Com o tempo eu me acostumo com a tempestade, embora ás vezes me assuste com coisas repentinas, mas que passam antes que alguém possa se preocupar. Mas mesmo acostumado, ela ainda traz um certo desconforto, e junto a esperança de que o sol volte, levando embora a escuridão com ele. Enquanto ela não vem, encontro refúgios para não me molhar demais, e continuo olhando para o céu, procurando entre as nuvens a recompensa da minha espera e da minha paciência. Ela virá, eu tenho certeza disso.
 Os raios cortam o céu com confiança da sua beleza e com orgulho de seu poder. Algo tão poderoso, mas o mesmo tempo tão simples e estonteante. Por favor, não dure para sempre. Sua beleza me cega e sua ida me corrói. Traga de volta meu raio de sol, antes que eu me afogue em suas gotas;

'Cause after rainy days, the sun will shine;

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Uma máquina perfeita

Às vezes me perco pensando em todas as funções do corpo humano. Como todos os átomos se juntam para formar organelas que servem como geradoras de vida, embora sejam menores que uma célula; como determinados órgãos produzem enzimas tão poderosas que conseguem quebrar substâncias para transformá-las no que for preciso; hormônios que controlam todas as funções do organismo e são invisíveis; sistemas de defesa, sistemas de ataque, sistemas de comunicação, sistemas e mais sistemas.
Como tudo é interligado, da menor célula até o maior órgão. Quando temos um pequeno corte e o cérebro envia um sinal através da dor para os glóbulos brancos marcharem até o lugar como um exército e as células epiteliais se regenerarem para transformar o lugar em um novo como se nada tivesse acontecido. Quando comemos qualquer coisa e os órgãos do sistema digestório liberam enzimas e ácidos para quebrar esse corpo estranho e transformá-lo em aminoácidos e sais que as células conseguem digerir. Toda vez que inspiramos o oxigênio viaja por todas as células do corpo, que em agradecimento liberam gás carbônico para ser expelido. O coração bate incessantemente para levar vida à todas as minúsculas células, como se fosse um emprego: Os operários trabalham de acordo com sua função, e por isso recebem o salário que chega através de estradas protegidas assim como as células realizam seu trabalho de manter o corpo e por isso recebem ar e glicose que as mantêm vivas, que chega a partir de artérias, veias e vasos.
Como quando sentimos medo, por mais absurdo que seja, e o corpo automaticamente se prepara para uma situação de perigo dilatando as pupilas para enxergarmos melhor, acelerando o ritmo dos batimentos cardíacos e da respiração para uma situação de combate.
Mas embora nosso corpo seja extremamente profissional, isso não o impede de nos fazer sentir. Sentimos tristeza, felicidade, amor, ódio. As situações do dia-a-dia também são capazes de interferir com o nosso corpo, aumentando ou reduzindo nossa endorfina. Alguns dizem que o amor é apenas um truque da natureza para nos fazer reproduzir, mas se for verdade já é uma vitória que possamos sentir isso.
Acho que o corpo humano é a máquina mais bem feita que existe, todos tem um mas ninguém dá valor.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Tempo bom que não volta mais...

Alguma vez você já se olhou no espelho e viu o reflexo do que você era há 5, talvez 10 atrás? Olhou para aquela criança inocente, que só se preocupava em se divertir o dia todo, e não tinha que se encomodar com os problemas idiotas que nos cercam hoje em dia?
Com o passar do tempo, a vida nos obriga  a crescer e amadurecer, e isso é incontestável, necessitamos disso para sobreviver. Mas é realmente necessário esquecer quem você era e se tornar alguém que você sempre odiou?
Volte um tempo atrás e lembre de como você achava engraçado tocar campainhas e sair correndo, aquelas piadas totalmente sem graça e até o ato de imitar barulhos de peidos. Lembre-se de você brincando  de boneca e de carrinho, de pegar e de esconde-esconde. Lembre-se do que você pensava das pessoas da sua idade hoje e dos mais velhos. Você tinha heróis, exemplos de como você queria ser, mas você se tornou um deles?
Cada dia que passa, eu vejo menos aquela criança em mim, e começo a ver cada vez mais o meu pai. Meu pai, que, em questão de exemplo para mim, nunca foi muito bom. Cada dia que passa, me torno mais aquela pessoa rabugenta que eu sempre temi me tornar.
Será que todos nós acabaremos virando pessoas que as crianças temerão se tornar como nós constumávamos temer? E as crianças que riem do nosso choro hoje chorarão por coisas mais banais amanhã?
Mude enquanto ainda há tempo, enquanto você ainda lembra que um dia foi criança, antes que seja tarde demais para se arrepender.


Mas e se você voltasse no tempo? O que o você criança diria para o você de hoje em dia? refiltaö ok

domingo, 8 de novembro de 2009

Às vezes penso que tudo pode ser esquecido e que o tempo pode apagar coisas que queremos que fiquem intactas até o fim. Como uma tatuagem, que fica pra sempre mas no final acaba se desgastando. Se isso fosse verdade, você acha que valeria a pena tentar de novo e se empenhar? Você voltaria? E se a vida real for mais dura que esse sonho que temos, fazendo uma certa insegurança e decepção nos consumir um pouco a cada dia? E se aquelas palavras que hoje são difíceis de se dizer se tornassem maldições que nos levam de volta a um passado perfeito? Você lutaria pra mudar isso? Você voltaria?
E se isso tudo for uma tormenta pra provar que a minha teoria sobre o tempo está errada e que algumas coisas são, de fato, inesquecíveis e inacabáveis? E se o fogo todo for apagado por problemas mesquinhos que não deveriam nem interferir em um amor tão grande? E se a vontade de compreender os motivos do outro acabar?
E a saudade chega, te lembrando dos dias em que você podia escrever duas letras juntas unidas por um coração, de quando os braços de uma pessoa eram o abrigo mais confortável, de quando seu coração acelerava quando via o brilho naquele olhar, quando sentia a respiração do outro mudar enquanto te abraçava, de quando todas as músicas e filmes de amor pareciam falar sobre vocês - mesmo que não fossem perfeitos o suficiente para descrever.
São muitas dúvidas. Talvez seja preciso seguir a razão quando ela sugere que o correto é escolher outra estrada e nunca mais olhar para trás. Talvez seja preciso seguir o coração quando ele grita a cada segundo o nome de quem te faz feliz.
Se eu quisesse, você voltaria? Porque eu voltaria.


Tell me your secrets and ask me your questions
Oh, let's go back to the start
Running in circles, coming up tails
Heads on a science apart

Nobody said it was easy, it's such a shame for us to part
Nobody said it was easy, no one ever said it would be this hard
Oh, take me back to the start

And tell me you love me, come back and hold me
Oh, and I'd rush to the start

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

...³

 De que adianta procurar respostas quando não se sabe nem quais são as perguntas certas? Todo o mundo só sabe reclamar e chorar pelos cantos, seja qual for o motivo, tudo é razão para depressão e pensamentos suicidas. Sinceramente, acho que é um dos pensamentos mais idiotas do ser humano. E por quê tudo isso? Eu digo o porquê: É porque é mais cômodo. É mais cômodo se fazer de sofrido do que procurar uma solução para o que lhe encomoda.
Todos os dias vejo pessoas chorando por desilusões amorosas, brigas inúteis e frescuras um tanto quanto fúteis, todas, na maioria das vezes, com soluções simples, mas essa gente consegue transformar cada probleminha em uma calamidade com proporções muito além do real. Esquecer não é algo tão difícil quando se tem força de vontade, problemas que podem ser resolvidos serão resolvidos, mas não com choro, afinal, ninguém gosta de quem se faz de coitadinho.
 Se algo deixa você triste, procure algo que super essa tristeza, busque algo que o faça mais feliz do que isso que o deixou para baixo. Ao invés de ficar reclamando e choramingando pra todo mundo, use essas pessoas para dar um jeito de se alegrar, afinal, se elas estão dispostas a ouvir seu choro, eles certamente vão querer seu bem, e farão de tudo para que isso aconteça.
 Pare de fazer doce, a vida não é tão ruim assim, ela é o melhor que você tem, e se você não souber aproveitá-la direito, ela irá acabar e tudo que você levará será o remorso de nunca ter feito a pergunta certa para você mesmo:
O que é o melhor pra mim e o pelo que realmente vale a pena chorar?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Passagens e passaportes

Já perceberam como olhos tristes são indagantes? Dá vontade de decifrar. E de fato foi o que eu quis fazer quando conheci ela, a guria dos olhos mais tristes que eu já tinha visto. Eu a vi pela primeira vez em uma viagem para o exterior. A única coisa que me deu ânimo para continuar vendo ela foi o estranho fato de que embora seus olhos parecessem impenetráveis, seu sorriso me mostrava tudo que ela queria dizer.
Consegui uma desculpa esfarrapada no trabalho para fazer a tal viagem o mais seguido possível, então mensalmente iniciava-se um ritual. Da janela do ônibus eu contava todas as luzes da estrada, como se as que ficassem para trás fossem afogadas junto com tudo o que estava em sua volta. Enquanto o sol da manhã queimava meus olhos que ainda não tinham despertado, eu via pessoas ao meu lado desejando ter coisas das quais eu alegremente abriria mão apenas para sentí-la mais uma vez.
Chegando lá os raios de sol já não me queimavam mais os olhos, ao invés disso pareciam me lembrar de um amor que nunca morrerá. A poluição, o desmatamento, a violência, a fome e os preços altos sumiam, e o que ficava era uma sensação de paz, como um monge budista. Na verdade era tudo uma conspiração a favor de nós, e eu tinha certeza que nunca ia mudar. Enquanto passávamos os dias e as noites juntos eu contava a ela sobre as complicações com passagens e passaportes, e ela ria como se fosse a piada mais engraçada do mundo, me fazendo rir mais ainda.
Mas chegava o dia em que eu precisava voltar. Eu começava novamente o mesmo ritual, com a esperança de chegar a um acordo comigo mesmo sobre o que fazer com as luzes da estrada. "Deixo que se afoguem ou espero a próxima vez?". Eu sempre esperei a próxima vez, embora muitas vezes quis ter mudado de idéia por causa de todas as complicações e dificuldades envolvidas na viagem.
Mas quer saber? Eu faria tudo de novo apenas para sentí-la mais uma vez.

...²

Medo. Pra mim, o sentimento mais importante do ser humano. O medo, por bem ou por mal, move a vida inteira de uma pessoa. Todos sentem medo, e, de alguma maneira, utilizam o medo para sobreviver e passar desse mundo.

 Ninguém pode dizer que é completamente destemido. Quem diz que não tem medo, nunca amou, nunca nem sequer viveu...

 Se você ama alguém, o medo de perdê-lo fará com que você lute contra quaisquer que forem os males que virão; Se você tem um trabalho que o sustente, que você realmente precisa, o medo de perder para outra pessoa fará você lutar para ser o melhor no que você faz, e assim, sempre evoluir.

 Mas o medo não um sentimento só positivo. Seu lado negativo pode destruir uma vida num piscar de olhos. O medo de uma resposta pode fazer um rapaz não falar com a garota que, futuramente, poderia se tornar a mãe de seus filhos, e fazê-lo se torturar para o resto da sua vida. O medo de ser superado pode fazer com que uma pessoa destrua a vida de outra, para seu próprio benefício.

 O medo está em nossa vida desde quando tentamos andar, até quando a única companheira que está ao nosso lado é a morte, e se não fosse por esse tão temido medo, sabe-se lá o que seria da de nós...

 Tenha medo, mas nunca deixe o medo ter você;