Outra noite que cai, mais uma vez vejo o sol fugindo da janela do meu quarto... Há meses algo não faz eu me escorar nesta sacada e ver aquele belo sol descendo em meio a estas casas abandonadas e frias. Quando elas se tornaram assim tão vazias? O que eu estava fazendo que não notei as pessoas indo embora? Eu estava tão ocupado assim, ou simplesmente decidi ignorar tudo à minha volta?
Volto minha atenção ao sol, que agora é apenas uma pequenina luz no horizonte. Quando eu me tornei alguém tão desligado? Desligado ao ponto de deixar meu único raio de sol ir embora? Desligado a ponto de dizer que não havia mais nada em meu coração. De achar que não havia mais nada. Ou quem sabe não houvesse mesmo... Talvez eu estivesse certo uma vez na vida, mas realmente esteja errado agora, ou esteja fazendo uma confusão tão tremenda em minha cabeça que nem eu saiba mais o que eu penso, ou talvez eu queira acreditar em algo que não é real, mas que eu quero tornar real, mas que não há como, pois é algo simplesmente improvável, ou não talvez não seja nada improvável, tão não improvável que esteja realmente acontecendo e eu esteja com uma dúvida tão tremenda que me faz duvidar de minhas dúvidas e ter certeza de minhas incertezas, incertezas que transformaram um garoto estupidamente lúcido, ou nem tanto, em um garoto perfeitamente insano, ou nem tanto. Confusões, confusões.
Meu coração está frio. Eu me enrolo em um cobertor, mas meu corpo esfriou demais. Eu tremo, mas só enquanto não acho aquele pensamento certo dentro da minha mente distante. Aquele pensamento que me aquece, que me faz sorrir, que me faz esquecer que o sol já foi embora...
Não quero mais promessas. Não quero mais garantias. Não quero uma prova de que ela vai estar aqui daqui a 80 anos. Só a quero agora, aqui, nesse minuto. Não no próximo minuto, mas nesse momento. Porque quando eu estou com ela, o tempo para, tudo para, e parece que o próximo momento é sempre quando ela sai, e eu fico mais uma vez olhando o sol, na esperança tola de algo que nem eu sei ao certo o que é.
Mas eu espero até o próximo dia, até o sol voltar, como sempre faz, para o meu alívio.
Será que vou ter o que eu quero ao meu lado até o final? Se eu não pisar na bola e ficar mais atento, não deixarei mais o que é precioso para mim, escorregar pelos meus dedos? Talvez eu só queira chegar ao fim da vida com minha taça de vinho e um maço de cigarros, e com ela ainda sendo meu maior vício, como foi minha vida toda, me mantendo vivo e esperançoso pelo dia de amanhã, pelo sol que ia iluminar meu caminho até ela, mais uma vez, tudo de novo.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
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*----* lindo lindo lindo.
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