quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Porcelana

E não ia ser assim mesmo? Caindo pelos cantos, caindo em prantos. Catando cantos. É cansativo, eu sei. Mas não estaria tudo fora de seu tempo? Tudo rápido. Tudo ríspido. E mais uma vez eu me recuso a te salvar. E mais uma vez eu fico observando. Caindo pelos cantos. Só o jaleco manchado me faz companhia e faz tempo que não me responde. Onde? Para onde fugir? Tem vezes que as consequências sucumbem os frutos. É chato ser sarcástico com quem não se gosta, suponho. Bom mesmo é ser o que quiser. Bom mesmo é ser vivo. Mas a vida é como porcelana, ela quebra, ela derrama. "Me ama, me ama", mas mais uma vez eu me recuso a te salvar. As cores foram junto com as balas de goma e nem avisaram quando voltariam. Riam, senhores, riam. Rima é para poucos. Poucos riem, muitos vêem que mais uma vez eu me recuso a te salvar. Mas e teus olhos? Porque continuam a olhar os meus? Eu. Alguém pediria para ser eu? Eu padeço. Eu pareço. Eu mereço. Às vezes nem me conheço, mas sempre me reconheço. Tenho memória forte. Sei do abandono. Sei do sono e do consolo, mesmo que do último saiba pouco. Mas teus olhos ainda olham tímidos para mim. Timidos maquiados. Mas não ficam melhores limpos? Ficam mais puros, o olhar fica ainda mais bonito e sincero. Mera mortal que sou, tenho opinião fraca. Tenho em mãos a faca e o medo de ferir. Tenho a cura e o medo de agir. Medo de fazer rir. Medo de rir. Medo de ir.

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