quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Tempestade

 O tempo está nublado. Eu olho para as nuvens e fico procurando um raio de sol entre elas , uma luz que me mostre que em algum ponto ainda existe algo que ilumine meu caminho, mas eu não vejo nada além daquelas nuvens densas e carregadas.
 Está frio aqui. Eu posso entrar e me aquecer, mas não faço isso, simplesmente fico parado olhando para o céu escuro, que só faz eu me sentir mais afundado nos meus sentimentos, que não vinham à superfície há muito tempo.
 Uma luz, de repente, ilumina tudo em minha volta, mas no mesmo instante some. Os raios me dão um pingo de esperança, mas no final me dou de conta que foi só mais um engano, que a escuridão só olhou pro lado, mas agora voltou sua atenção para mim. Uma cena tão linda que chega a ser assustadora, os raios cortam o céu e por um segundo tornam a noite em dia, mas é tudo apenas por um segundo.
 O vento sopra nas folhas do meu caderno como se quisessem que eu mudasse de página, mas ela não vira. Quando eu penso que algo novo, uma página em branco, está vindo, aquela velha história volta,  aquela história que parece me assombrar.
 Será que eu sou o culpado disso tudo? No final das contas os meus atos do passado refletiram no meu futuro? A minha fuga da luz trouxe essa tempestade constante?
 O primeiro pingo de chuva cai no meu rosto. Ele escorre por baixo do meu olho como uma lágrima solitária, a lágrima que eu prendo para esconder minha fraqueza do mundo, mas que parece cada vez mais pesada e difícil de segurar.
 As gotas ficam mais frequentes e os raios mais ameaçadores. Os trovões interrompem todo e qualquer barulho, como se todos o respeitassem, e não quisessem interromper essa sinfonia perfeita do céu.
 Com o tempo eu me acostumo com a tempestade, embora ás vezes me assuste com coisas repentinas, mas que passam antes que alguém possa se preocupar. Mas mesmo acostumado, ela ainda traz um certo desconforto, e junto a esperança de que o sol volte, levando embora a escuridão com ele. Enquanto ela não vem, encontro refúgios para não me molhar demais, e continuo olhando para o céu, procurando entre as nuvens a recompensa da minha espera e da minha paciência. Ela virá, eu tenho certeza disso.
 Os raios cortam o céu com confiança da sua beleza e com orgulho de seu poder. Algo tão poderoso, mas o mesmo tempo tão simples e estonteante. Por favor, não dure para sempre. Sua beleza me cega e sua ida me corrói. Traga de volta meu raio de sol, antes que eu me afogue em suas gotas;

'Cause after rainy days, the sun will shine;

Um comentário: